Arquivo do blog

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Boas Notícias

Prefiro ofendê-los com a verdade do que matá-los com a mentira.
(John Huss)


A campainha da sua casa toca. Você atende a porta e um anjo resplandescente se apresenta: - Meu nome é Rafael Miguel Gabriel Uriel... dos Santos. Ele é extremamente educado, e por isso, optou pelo hall de entrada. Sua voz é doce e acalentadora. Obviamente, você desconfia. Se lembra do texto de II Coríntios 11:14: - Pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. O ser angelical percebe sua insegurança. Então, ele apresenta o seu crachá. 

Você confere. Tudo está OK. 

O documento foi expedido pelo RH do céu. O anjo lhe fala sobre Deus e as maravilhas do Paraíso. Não há dúvidas. Você está plenamente convencido que aquele é um legítimo anjo de Deus.

Você estende o tapete de boas vinda. O anjo entra em sua casa e senta-se no sofá da sala. As horas voam ligeiras, embaladas por histórias maravilhosas. O anjo te conta como foi tentado por Lúcifer, mas, se manteve leal ao Criador. Fala sobre a criação do homem, e como os anjos ficaram admirados com aquela criatura tão peculiar. Ele se emociona ao contar sobre o dia em que os céus choraram a morte do Verbo. Entre histórias do passado e revelações do futuro, ele se mostra especialmente empolgado ao descrever os preparativos para as Bodas do Cordeiro. A mesa de ouro. As toalhas de linho branco. O vinho feito com vinhos cultivados a margem do Rio da Vida...

Já está escurecendo quando o anjo se levanta para ir embora. Porém, antes de chegar a porta, ele se lembra do real motivo da vista. A conversa tinha sido tão boa, que a memória tinha lhe pregado uma peça. O anjo olha para você e lhe diz: 

- Por gentileza, traga sua Bíblia para mim. Preciso fazer algumas mudanças nela. 

Surpresa total. Modificar a Bíblia?

Nesta situação hipotética, o que você faria?

a)    Deixaria que o anjo modificasse sua Bíblia.
b)    Expulsaria o anjo de sua casa.

Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo nos dá uma resposta categórica e definitiva para esta questão:

Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! (Gálatas 1:8)

Simples assim. Ninguém tem autonomia para modificar as Sagradas Escrituras. Se um apóstolo lhe apresentar um evangelho diferente do que foi ensinado, que ele seja maldito. Se um anjo de luz alterar o sentido da palavra já revelada, que ele seja maldito. Só existe um evangelho. Só existe uma verdade.

A palavra “EVANGELHO” significa literalmente “Boa Notícia” ou “Boas Novas”. Porém, mais do que trazer alegria e esperança, esta “novidade” vinda diretamente dos céus traz para a vida do ser humano uma verdadeira “transformação”. Não uma mudança superficial ou mera adaptação a um estilo religioso de vida, mas sim, uma guinada de 180º que começa no interior do coração humano e se expande progressivamente por sua alma, espírito e corpo, até levar o indivíduo ao padrão de homem perfeito, estabelecido e personificado em Cristo. 

Esse é um processo longo e contínuo que só será completado quando o nosso corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, no exato momento que encontrarmos o Senhor nos ares. Mas, até lá, cabe a cada um de nós, se entregar sem reservas a esta “transformação” espiritual que o Evangelho de Jesus Cristo tem o poder de efetuar. E toda a Bíblia testifica sobre esta verdade. Ela é o manual que nos guia neste processo de renovação.

Certa vez, o presidente americano Abraham Lincoln declarou: - Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai o que puderes deste livro pelo raciocínio e o resto pela fé, e, vivereis e morrereis um homem melhor. A grande verdade é que ninguém consegue se manter impassível diante da Bíblia, e este é de fato, o único livro capaz de mudar o destino de um homem. No agora e na eternidade.

A Bíblia, é na verdade, uma compilação de livros (como se fosse uma mini biblioteca), escrita ao longo de 1.600 anos por mais de 40 autores diferentes. Sua versão “protestante” contém 66 livros, sendo 39 no Velho Testamento e 27 no Novo Testamento. Eles estão divididos em 1.189 capítulos e 31.103 versículos (este número pode chegar a 31.171 dependendo da versão). Um livro imortal escrito por mortais.

Aqueles que se opõem ao conceito de que a Bíblia seja um livro sagrado, apresentam como principal argumento o fato dela ter sido escrita e compilada por homens, e isto de fato, é verdade.

O Velho Testamento, por exemplo, possui em sua vasta lista de autores nomes como Moisés, Salomão, Jeremias e Esdras, sendo estes livros catalogados, compilados e reconhecidos pelos mais eruditos rabinos judeus. Somente em 250 d.C., é que houve um consenso sobre quais livros comporiam o cânon vecchio testamentário. 

No caso do Novo Testamento, nomes como Paulo, Lucas, João, Pedro, Mateus e Tiago figuram entre os principais escritores, sendo que foram os chamados “pais da igreja”, tais como Clemente, Policarpo e Irineu, alguns dos responsáveis pela catalogação dos evangelhos e epístolas, sendo a mesma finalizada apenas em 397 d.C.

Para um livro estar no cânone sagrado foram observados alguns preceitos bem criteriosos. No caso do Velho Testamento, foi considerado se o livro fazia parte do cânon hebraico, se ele foi citado por Jesus ou seus discípulos e se seus ensinamentos não contradiziam outros livros. Foi exatamente estes critérios que separaram o que hoje consideramos “sagrados” dos chamados “livros apócrifos”, que embora tenham valor histórico inquestionável, não são considerados divinamente “inspirados”.

Para o Novo Testamento os critérios foram ainda mais exigentes. O autor precisaria ser um apóstolo ou ter tido ligação direta com um deles. O livro deveria tem aceitação unânime pelo Corpo de Cristo. O conteúdo obrigatoriamente deveria ser de consistência doutrinária e ensino ortodoxo. O livro teria que conter provas de alta moral e valores espirituais que refletissem a obra do Espírito Santo.

Nenhum livro passaria por este crivo se não fosse inspirado pelo próprio Deus. Foi exatamente Ele, que se encarregou não apenas de “inspirar” os autores, como também “direcionar” os compiladores nas escolhas corretas de quais livros deveriam compor as Escrituras, tornando a Bíblia em nossa única regra de fé, sendo que os ensinamentos nela contidos, são as bases do genuíno cristianismo.

Em nenhum momento, porém, a Bíblia se impõe sobre o homem, exigindo dele uma fé cega e atitudes inconsequentes. Muito pelo contrário, a própria Bíblia se coloca na posição de ser verificada, testada, analisada, meditada, conferida e interpretada. Somente após esmiuçar a Palavra, e deixá-la fluir voluntariamente aos recônditos do coração, é que o homem poderá finalmente entender as palavras de Paulo em II Timóteo 3:16

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

No Velho Testamento, Deus se revelava aos homens através de seus profetas. Estas mensagens foram registradas e compiladas, sendo a base do texto vecchio testamentário. Nos primórdios do cristianismo, os apóstolos de Jesus foram os responsáveis por divulgar os ensinamentos de Cristo, e por inspiração do Espírito Santo, estabelecer as diretrizes da igreja cristã. Assim nasceu o Novo Testamento. Com o amém do Apocalipse, toda a autoridade que residia sobre profetas e apóstolos, passou a residir apenas na Palavra de Deus. A Bíblia se tornou nossa única regra de fé. Ninguém pode inventar novas doutrinas. Ninguém pode remover ou remodelar qualquer ensinamento. Há uma advertência severa quanto isso no próprio texto sagrado:

- Declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro. Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro (Apocalipse 22:18,19).

Hoje, Deus se revela ao homem através de sua palavra. Tudo está lá. Absolutamente tudo. O que falta a nossa geração, é o desejo de conhecer e prosseguir conhecendo a Bíblia e sua riqueza espiritual. Muitos crentes são como filhotes de pássaro, se alimentando de comida regorjeada. Engolem o que outros mastigaram. Exatamente por isso, estão hipnotizados. São levados por ventos de doutrina. Acreditam em mentiras. Se guiam por heresias. Ao invés de seguir a Cristo, seguem a homens deturpadores do evangelho. Estão presos numa fábula cristã.

O antídoto para este veneno? A Bíblia. A liberdade desta prisão? A Bíblia. O gene desencadeador de uma mudança de dentro para fora? A Bíblia. Esta transformação começa pela liberdade de todas as amarras que nos prendem ao passado pecaminoso, ou então ao legalismo que nos veste com trajes de religiosidade enquanto nossas intenções estão distantes dos desígnios de Deus.

E esta liberdade nasce do conhecimento – “Conhecereis a VERDADE e a VERDADE vós libertará” (João 8:32). Jesus é esta verdade libertadora, e portanto é inadmissível que o cristão continue amarrado em traumas e pendências pretéritas. Quando o homem tem um encontro real com o Salvador, uma mudança genuína acontece, pois o sangue de Cristo suplanta toda maldição e o amor que abunda na cruz, lança fora todo o medo. Jesus é poderoso o suficiente para arrebentar cordas e destruir grilhões e fará isso na vida de qualquer pessoa que realmente o receba como o Messias. Ele apaga nosso passado e nos orienta rumo a um futuro glorioso.

O problema de grande parte da cristandade é exatamente viver um Evangelho superficial, onde muito se fala, mas pouco se vive. Jesus está presente nas falas, mas omitido nas ações. É muito sermão e pouca experiência. Fachada sem comprometimento. Jesus quer promover mudanças, mas muitas pessoas estão conformadas com suas vidinhas medíocres e acomodadas em sua redoma legalista, pouco propensas para viver uma transformação verdadeira.  E esta é a grande questão: Queremos viver o Evangelho em sua plenitude ou continuar na mediocridade de uma religião vazia com um cristo genérico?

Para ser livre, é preciso encontrar a Verdade, e isto basicamente significa viver uma experiência pessoal e verdadeira com Jesus. Não “aceitar” Jesus de forma ritualista como é tão usual hoje em dia, mas sim “entregar-se” completamente à Jesus, permitindo que ele seja o Senhor absoluto de sua vida. Andar com Ele. Pensar como Ele. Ser como Ele.

Este tipo de desenvolvimento só é possível se pautado ponto a ponto no manual de instrução que verbaliza o passo a passo de uma vida cristocêntrica: A Bíblia. É nela que Jesus se revela e se torna um modelo de como cada cristão precisa agir e pensar.

Renegar a Bíblia é como rejeitar o próprio Cristo, e “abandonar” as escrituras em um canto da estante é “exilar” Jesus no limbo de nosso coração. 

Que possamos voltar ao Evangelho puro e simples que Jesus nos ensinou, onde o amor é o maior mandamento e corações limpos são cartões de visita para o trono de Deus. Onde os valores são medidos pela voluntariedade e não por cifras monetárias. Onde o que somos testifica do Evangelho e não apenas o que temos. Um Evangelho onde Cristo seja o centro e homens sejam apenas servos. Um Evangelho onde a Bíblia seja amada, lida e meditada com fervor e paixão, e não garimpada descompromissadamente, apenas em busca de argumentos que justifiquem as motivações libidinosas de homens que se comprometem apenas com o próprio ego.

Quer ser livre? Leia a Bíblia e encontre o Jesus que nela está. O encontrou? Permita que Ele seja o centro de sua vida. Jamais baseia sua fé apenas no que é dito por homens. Confira em loco o que Jesus tem a dizer sobre cada tema. Seus discursos, ensinamentos e ações estão explicitados nas escrituras, e a liberdade virá quando você tiver a capacidade de assimilar cada uma dessas linhas, e interpreta-las com imparcialidade e comprometimento pessoal. 

Seja transformado pelo poder da Palavra. Seja liberto pelo poder de Jesus. Viva de boas (e transformadoras) notícias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário